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16
Out
2025
MS registra o 30° feminicídio do ano. Mulher é executada a tiros pelo marido após denúncias de violência.

MS registra o 30° feminicídio do ano. Mulher é executada a tiros pelo marido após denúncias de violência.

Mulher é executada a tiros pelo marido após denúncias de violência

Andreia Ferreira, de 40 anos, foi morta a tiros pelo próprio marido, Carlos Alberto da Silva, 38, na tarde do último domingo (12), na cidade de Bandeirantes (MS), a 58 km de Campo Grande. O assassinato aconteceu dentro da residência do casal e diante da filha da vítima, uma adolescente. O crime é o 30º feminicídio registrado em Mato Grosso do Sul apenas em 2025, consolidando um cenário alarmante de violência de gênero no estado.

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Segundo a Polícia Civil, a vítima já havia denunciado o agressor em 2023 e novamente em 2024 por violência doméstica, mas Carlos continuava em liberdade. Na tarde do crime, o casal participou de um terço religioso, retornando em seguida para casa, onde iniciou-se uma discussão. De acordo com relatos, Andreia teria arremessado pedras contra o carro do marido. Carlos então chamou a enteada e o namorado dela para entrarem na residência. Foi nesse momento que ele sacou a arma e disparou contra Andreia, fugindo logo depois. Até o momento, segue foragido.

Três dias antes, em Paranaíba, Erivelte Barbosa Lima de Souza, 48, também foi assassinada pelo companheiro, a facadas. O autor foi preso em flagrante. Ambas integram uma lista que, em 2025, já contabiliza 30 mulheres mortas de forma brutal por parceiros ou ex-companheiros no Mato Grosso do Sul ? número que equivale, em média, a três feminicídios por mês no estado.

Violência persistente e denúncias ignoradas

O caso de Andreia chama atenção pelo padrão repetido de negligência institucional diante de denúncias anteriores. Apesar dos registros contra o agressor, não houve ação efetiva de proteção à vítima. Esse padrão, infelizmente, não é exceção. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), ao menos 68% das vítimas de feminicídio no Brasil haviam sofrido violência anterior, muitas vezes denunciada, mas ignorada.

O Mato Grosso do Sul figura entre os estados com maiores taxas de feminicídio proporcionalmente à população. Em 2022, o estado ocupava a 6ª posição nacional, com uma taxa de 2,5 mortes a cada 100 mil mulheres, segundo dados do Anuário do FBSP. A situação tem se agravado desde então.

Matam porque podem"

Para a antropóloga e pesquisadora Debora Diniz, referência nos estudos sobre gênero e violência, "o feminicídio é o ato final de um sistema de controle sobre a mulher". Em entrevista à revista Piauí, Diniz reforça que os agressores matam porque se sentem autorizados por uma cultura que relativiza a violência doméstica: "Não é descontrole, é controle. É poder."

A repetição de casos como o de Andreia aponta para falhas estruturais na proteção às mulheres. Ainda que existam dispositivos legais como a Lei Maria da Penha (11.340/2006) e a tipificação do feminicídio no Código Penal desde 2015, sua aplicação efetiva continua distante da realidade da maioria das mulheres brasileiras ? especialmente nas cidades do interior, onde a rede de proteção é mais frágil.

Onde buscar ajuda ? e onde denunciar omissões

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira oferece atendimento 24h e reúne no mesmo espaço Defensoria Pública, Ministério Público, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), apoio psicológico e abrigo. O número 180 é o canal nacional para denúncias e orientação, com garantia de anonimato. Para situações de emergência, o número é 190.

Mulheres em situação de risco em Mato Grosso do Sul também podem buscar ajuda nas Deams distribuídas em 13 municípios do interior. Denúncias de negligência ou má conduta por parte de policiais civis podem ser encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil (67 3314-1896) ou ao GACEP do MPMS (67 3316-2836).

A conta das mortes

A cada novo caso, reforça-se a constatação de que o feminicídio é previsível ? e, portanto, evitável. Andreia Ferreira não foi apenas assassinada por um homem armado. Foi morta por um sistema que permitiu que, mesmo após denúncias, ele continuasse ao seu lado.

E assim como ela, Karina, Vanessa, Juliana, Emiliana, Simone, Letícia, Dayane e tantas outras ? 30 mulheres apenas em 2025 ? engrossam a estatística de uma guerra silenciosa contra as mulheres. Silenciosa para quem não quer ouvir.

Fonte: Semana On

Foto: Divulgação/Semana On

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